Riotinto

É a Sul de Aracena que encontramos um acontecimento geológico único... Rio Tinto.

Este rio de cor vermelho sangue foi considerado durante muitos anos um rio morto. De facto acreditava-se que o seu ph muito ácido de 2 (o vinagre ronda os 2.8) e a sua constituição química repleta de metais não permitisse a existência de vida nas suas águas. Uma descoberta recente identificou uma microalga que parece sobreviver na superfície e por esse motivo a NASA iniciou aqui pesquisas pelas semelhanças com o planeta Marte.

De salientar que não se trata de um rio poluído pela acção humana. Este rio sai das entranhas da Terra com estas condições. De facto a extensa actividade de mineração na região ao longo de mais de 5000 anos deve-se às características peculiares do solo que se reflectem neste rio. Era originalmente conhecido por Hiberus, durante o domínio romano por Urium e, mais tarde pelos árabes por Saquia ou Azequia (que significa irrigação).
O rio mantem estas propriedades ao longo de 50 quilómetros num percurso em que as suas águas assumem tons de vermelho, laranja e amarelo. Depois vai alterando a sua química à medida que se mistura com outros rios e ribeiros desembocando no Oceano Atlântico junto a Huelva.

As suas características advêm da Faixa Piritosa Ibérica que se estende de Alentejo à região de Sevilha. Uma importante jazida mineral de pirites cuja formação estima-se remonte a 350 milhões de anos.

A mineração

A exploração do solo aqui fez-se desde sempre. Muito antes da época romana mas terá sido nesta que assumiu uma dimensão considerável. Criaram por aqui cerca de 50 minas numa extensão de 100 quilómetros para extrair ouro e prata durante aproximadamente 200 anos.

Foi no entanto no final do século XIX que com aquisição das minas pela britânica Riotinto Company Limited que a região sofreu uma grande transformação. Em 1873 inicia-se a construção do caminho-de-ferro e criam-se novas indústrias químicas à medida que se vão explorando as jazidas. No porto de Huelva é construído um cais de ferro com 1165 metros para assegurar o carregamento dos minerais em barcos.

A extracção de enxofre, cobre e outros minerais continuou até ao declínio gradual do valor comercial da pirite provocado pela produção a baixo custo de enxofre na indústria de extracção de petróleo (década de 1970). Em 1985 deixa-se de extrair cobre mantendo-se a extracção de ouro e prata. No final do século XX muitas das minas e cortas encontravam-se inundadas por falta de drenagem e em 2001 as minas foram finalmente fechadas.

Com a valorização recente do cobre foi retomada em 2016 a exploração pela recém-formada empresa cipriota Atalaya Mining. Dedicada à comercialização de cobre o seu principal activo mineiro é no momento o Parque Mineiro de Riotinto.

O que ver

Minas de Riotinto é a localidade que recebe o nome das minas e o principal centro populacional do Parque Mineiro.

Destaca-se o Museu Mineiro absolutamente obrigatório visitar. Para além de providenciar um generoso contexto geológico e histórico da região tem uma recriação fantástica de mina romana em laboração.
Também no antigo bairro inglês da Bella Vista (onde residia outrora a direcção da Riotinto Company Limited) recomenda-se a visita à Casa 21. Edificada em 1885 está em excelente estado de conservação e é um fabuloso exemplo de moradia colonial e de como viviam aqui os ingleses naquela época.

A pouco mais de 5kms encontramos Nerva outro município que cresceu impulsionado pela proximidade da exploração da Mina de Peña del Hierro.

Nerva possui uma malha urbanística densa. Destacam-se o emblemático edifício do ayuntamiento (câmara municipal), a monumental Fonte de La Réu e o Centro de Arte Moderna e Contemporânea Daniel Vázquez Díaz que expõe as obras deste importante pintor vanguardista do século XIX natural do município.

A pouca distância está a Peña del Hierro. Uma mina desactivada com uma galeria perfeitamente preservada (visitável) e cujo final desemboca no incrível lago artificial da corta com uma profundidade aproximada de 85 metros.

Próximo de Nerva está também o comboio turístico que percore durante cerca de 11km as margens do Rio Tinto num fantástico cenário que mais parece saído de outro planeta.

É possível adquirir em Minas de Riotinto um bilhete combinado que permite:

• a visita ao Museu Mineiro de Minas de Riotinto
• a visita à Casa 21 no bairro inglês da Bella Vista
• a visita à galeria da Mina de Peña del Hierro
• o percurso em comboio turístico ao longo do Riotinto que inicia junto a Nerva (cerca de 22 km ida e volta)